sábado, 28 de abril de 2018

ARCA

O que se esconde neste baú

O que se esconde neste baú 
que sonhos, que quimeras 
deixei ali e agora 
não consigo enxergar? 


Como fui capaz de enterrar 
meus próprios sonhos e prazeres 
Que aventuras escondi aos meus olhos 
e de que adiantou isto 
se minhas mãos anseiam em tocar 
o papel amarelado e amassado no fundo da gaveta 
Delícia como comer sobremesa sem jantar 
Apenas de sonhos se alimentar 
não se deixar congelar pelo coração 
e ser atropelada pela multidão 
que a priori nos incapacita de irmos 
aonde queremos. 


Os sonhos, 
de dentro do seu túmulo 
socam e gritam de dentro do caixão 
avisando que estão vivos e querem sair 


Meu coração congelado 
me fez surda aos anseios sussurrados 
mas subitamente vejo minhas mãos ávidas 
e, confiando na sabedoria 
que elas já adquiriram, 
as deixo procurar 
Mãos atrevidas tocam todo lugar 
abrem portas e gavetas 
mãos surdas e ceguetas 
que tateiam sem parar 


Sábio destino 
espera o ápice do momento 
mãos de fora que procuram 
e mãos de dentro que esmurram 
tem breve casamento 


Mãos trêmulas tocam os sonhos 
sonhos ávidos tocam o coração 
libertando aquele ser de sua prisão 
que é viver sem ter um alvo a alcançar 
um sonho para sonhar 
se permitir ser quem quiser 
e se impedir de ser levado com a maré 


O túmulo escancarado 
é a prova de que há algo errado 
mãos de sonho escrevem estas palavras 
e um coração gelado é convidado a se isolar. 

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