terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Espera


Deitada na cama olho o teto
É isso que vêem aqueles que me vêem
ao contrário do meu corpo, minha mente e meu coração viajam.
Concebo desejos a serem conquistados
enquanto o pobre corpo,
humilde escravo deste senhores, descansa.


O coração pede a presença de alguém distante
e os olhos, impossibilitados de levar à mente,
a imagem do rosto do distante amado
produzem lágrimas que molham as hastes
de um óculos que jaz inútil ao lado da televisão.


E a noite me preenche de pensamentos infames e insones
o corpo descansa à medida que esse incansavelmente sofredor coração permite
os músculos retesados evidenciam a agonia da solidão
Sim, sentada estou escrevendo agora
este servo nunca falhou com uma obrigação
Mas que posso fazer se este surrado coração cansou de ver o rosto de plástico
Enquanto a mente se entope e enche seus companheiros de teorias
o que este prático coração quer é poesia
e o servo pede uma trégua...


Os ouvidos escutam uma canção que consola
essa saudade que me consome e me assola
Corpo cansado só quer se esticar
olhos úmidos se recusam a chorar
o corpo vencerá e eu continuarei deitada
viajando, pensando emocionada
quanto mais vou ter que esperar
para finalmente poder te encontrar.

sábado, 15 de setembro de 2018

Silêncio e Solidão - Ausências e Presenças

"Você sabe o que eu quero dizer não está escrito nos out-doors
Por mais que a gente grite, o silêncio é sempre maior" 
Além dos out-doors, Engenheiros do Hawaii

Só posso falar do meu movimento pendular entre cidade e campo, silêncios e palavras, ausências e presenças. Fases de produção acadêmica, literária, nenhuma, só ter esse tempo da gestação de um texto. Sim, aquele tempo no qual não se escreve uma linha, mas se pensa no assunto da hora que acorda até dormir.

Mas isso é apenas uma rala Introdução. Tive ao mesmo tempo a vontade de me calar neste mundo virtual e no plano físico. Recentemente tenho conversado com pessoas que me despertaram a vontade de retomar, ou iniciar uma fase, onde eu não tenho um planejamento ou melhor, um direcionamento prévio. Apenas avisar que aos poucos vou atualizar do meu modo - notícias, comentários, talvez alguma resenha ou texto que possa ser considerado literário. Mas algo me impeliu fortemente a escrever hoje, e não deixar para o que pode ser um eterno amanhã.

Em breve atualizo e deixo aqui o link dos lugares que for atualizando: twitter, instagram etc.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Meu Tempo

Seu tempo não é meu tempo
meu tempo é feito de coisas e de dias
meu tempo é feito de coisas fugidias
arredias ao pensamento concreto e abstrato

Meu tempo não é o de fato
o tempo histórico exato
meu tempo é recheado de ilusões
saudades impressões e frustrações

Meu tempo é longelíneo
mas não retilíneo
denso, imenso
Meu tempo faz parte do meu mundo

povoado por figuras estranhas, bizarras
que você teria dificuldade em aceitar

Mas nunca neste meu mundo você irá entrar
você vai vê-la de fora, atrás das grades
enquanto lá dentro realizo todas as minhas vontades

Seu tempo cronológico
não equivale ao seu psicológico

Meu tempo esticado
como massa de macarrão
Sonhos que vão do céu ao chão
Macarrão que não cabe no seu garfo
Esses sonhos eu engarrafo
e entrego a você numa correspondência “just in time”

Bom apetite!!!

sábado, 9 de junho de 2018

Além dos outdoors

Você sabe o que eu quero dizer
Não tá escrito nos outdoors
Por mais que a gente grite
O silêncio é sempre maior

Engenheiros do Hawaii

sábado, 28 de abril de 2018

ARCA

O que se esconde neste baú

O que se esconde neste baú 
que sonhos, que quimeras 
deixei ali e agora 
não consigo enxergar? 


Como fui capaz de enterrar 
meus próprios sonhos e prazeres 
Que aventuras escondi aos meus olhos 
e de que adiantou isto 
se minhas mãos anseiam em tocar 
o papel amarelado e amassado no fundo da gaveta 
Delícia como comer sobremesa sem jantar 
Apenas de sonhos se alimentar 
não se deixar congelar pelo coração 
e ser atropelada pela multidão 
que a priori nos incapacita de irmos 
aonde queremos. 


Os sonhos, 
de dentro do seu túmulo 
socam e gritam de dentro do caixão 
avisando que estão vivos e querem sair 


Meu coração congelado 
me fez surda aos anseios sussurrados 
mas subitamente vejo minhas mãos ávidas 
e, confiando na sabedoria 
que elas já adquiriram, 
as deixo procurar 
Mãos atrevidas tocam todo lugar 
abrem portas e gavetas 
mãos surdas e ceguetas 
que tateiam sem parar 


Sábio destino 
espera o ápice do momento 
mãos de fora que procuram 
e mãos de dentro que esmurram 
tem breve casamento 


Mãos trêmulas tocam os sonhos 
sonhos ávidos tocam o coração 
libertando aquele ser de sua prisão 
que é viver sem ter um alvo a alcançar 
um sonho para sonhar 
se permitir ser quem quiser 
e se impedir de ser levado com a maré 


O túmulo escancarado 
é a prova de que há algo errado 
mãos de sonho escrevem estas palavras 
e um coração gelado é convidado a se isolar.